É minha,
a sede
que te seca
os lábios.
É o meu ar
que te falta
e sufoca.
São teus,
os seixos
do meu rio,
são minhas,
as marés
que te alagam.
É a melodia
das minhas águas,
esse teu riso.
É a tua palavra
não dita,
a minha mordaça.
É teu,
o nome
que me cala,
é minha,
a fome
que te abrasa.
É meu suor,
o sal
que te satura,
é o teu sabor,
esse doce
da minha saliva.
A saudade
que te mora,
também
me faz cativa.
São tantos
os teus sinais
pelo meu corpo,
pelos meus dias...
Tão profundas
as marcas
dos meus pés
no teu caminho.
Míriam Monteiro