Quebranto

Deixa que te alcance,
o meu poema.
Brancos e brandos versos,
vagando cegos,
tateando sendas.

Mas, que sejam,
esses meus versos,
fúria e tempestade,
que te açoitem
os nervos,
que te provoquem
a fome dos meus seios.
Que a tua boca
se embriague,
lenta e docemente,
sugando
do ventre desses versos,
todos os meus segredos.

Míriam Monteiro