Imanência

era no entardecer
minha mania de chover em lágrimas
de puro nada dentro
uma agonia da voz do vento
que nem comigo mexia
ao me encrespar os fios

era no lusco-fusco
minha errância de tristeza informe
meu medo vazio de coisas

era no crepúsculo que eu morria
de angina ou de nevralgia
por ansiedade não sabida

era no pôr-do-sol
minha identificação
com a finitude dele
e de mim.

Dora Vilela