2

Tenho poucas palavras em tudo que escorre
Um silêncio de coisa morta me arrebata
Caminho por aí como um resto de sangue pisado no asfalto
Próximo à urina dos postes e à solidão de becos escuros.

Minha sina é dizer o pouco daquilo que não sei
E então definho como um tanto de ossos combalidos
Vazio em vazio acordo como se bocejasse o meu fim
Insano como a noite que me envolve indiferente.

João Ayres