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Queria a todo custo sair sem rosto. Era um homem estranho, passava pelas coisas como se não fosse. As ruas vazias cresciam em sua alma. Procurava incessantemente seu longe. Os nomes pesavam em seus ombros como os murmúrios de um louco qualquer. O dia ensolarado em pleno inverno no seu extremo de estar a um fio do que quer que fosse. Tinha o hábito de não completar o que dizia. Era como se estivesse diluído em si mesmo. Naturalmente indecifrável.
Sua mente correndo de um lado a outro ou talvez correndo sem lado algum. Queria a todo custo sair sem rosto. Encontrar o nada na esquina do fim do mundo para ali estar como uma sombra.

João Ayres