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Eu não venho de lugar algum
Já enchi esta pia de sangue
Derramado enquanto dormia
O sono inquieto dos proscritos
Nesta rua que se esconde
Como o vento no final do mundo
Para longe onde me desintegro
Como quem abraça um adeus
Estes gestos que procuram
As reentrâncias do acaso
Que bate à porta dos mortos
Para abrir o amanhã
Repleto de dores e fendas.

João Ayres